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Porque as dietas falham?

By abril 29, 2021maio 22nd, 2021No Comments

Você já fez alguma dieta na vida? E Reeducação Alimentar? Caso tenha respondido que sim, você se identifica com os relatos a seguir?

“Tive resultado, mas parei de seguir e ganhei peso de novo”

“Não tive resultado porque achei difícil de seguir e desisti logo após começar”

Talvez você sinta que tenha falhado no método, mas muitas vezes, pode ser que o método tenha falhado com você. Nesse artigo eu vou explicar um pouco das diferenças e similaridades entre métodos prescritivos e sobre a abordagem não prescritiva.

O que define uma dieta?

 

A palavra dieta se origina do grego diaita (modo de vida), que se derivava do verbo diaitan (reger um sua própria vida, governar-se), ou seja, não era só sobre alimentos mas sim sobre o estilo de vida. Com o tempo, o vocábulo foi se especializando até uma forma particular de “reger a própria vida mediante um regime alimentício”.
O conceito atual de dieta está associado a prática de restrição alimentar. Especialmente quando pensamos nas mais populares como a Low Carb, Dukan ou como algumas mais antigas como a Dieta da Sopa. Usamos o termo dieta quando falamos sobre vegetarianismo, ou seja, na restrição de alimentos de origem animal temos a dieta vegetariana ou vegana.
As dietas podem ser montadas com base em um cardápio diário que informa quantidades (com medidas caseiras ou pesagem de alimentos), horários, tipos de alimento a serem consumidos e sugestões de modo de preparo. Além disso, existem as já comentadas restrições de alimentos ou grupos alimentares e uso de estratégias como “dia do lixo”.

O objetivo principal das dietas é promover mudanças corporais rápidas, a maioria das dietas é utilizada em busca de perda de peso. As mudanças bruscas no padrão alimentar de uma dieta são parte da fórmula perfeita para o fracasso das mesmas. Como consta no livro O Peso das Dietas, da nutricionista e Ph.D. Sophie Deram, 90 a 95% das pessoas que começam dietas restritivas recuperam o peso inicial ou ganham mais peso. Isso significa que, além de não funcionar no longo prazo, dietas restritivas trazem um risco de ganho de peso.

Caso queira saber mais, esse post do Buzzfeed, compila explicações de outros 12 nutricionistas do porquê dietas restritivas geralmente fracassam.

E Reeducação Alimentar?

 

Como sugere o nome, a RA pode ser entendida como educar novamente a alimentação de uma pessoa. Porém, não existe um consenso sobre como aplicar uma RA e, comumente, a interpretação do que seria um processo de reeducação sobre alimentos fica nas mãos do profissional que a conduz. A RA está mais associada a mudanças graduais, porém, nem sempre é feita dessa maneira.
Alguns profissionais usam na RA ações de Educação Alimentar e Nutricional (EAN), fornecendo explicações sobre nutrientes e suas proporções, fontes alimentares, etc. Essas explicações de cunho educativo munem o cliente de conhecimento que pode ser aplicado, ou não, pelo mesmo.
Porém, alguns profissionais usam de estratégias prescritivas para conduzir a RA, ou seja: elaboração de cardápios diários, listas de substituições, envio de receitas e informações adicionais. Existe ainda um padrão de atendimento nutricional centralizado na perda de peso, no qual a cobrança por resultados (pelo cliente ou profissional) se torna algo corriqueiro.
Como mencionei anteriormente, tudo isso depende do profissional que está conduzindo a intervenção e da maneira que ele conduz os atendimentos. Ainda assim – talvez você tenha percebido no último parágrafo – muitas vezes numa RA a mentalidade de dieta está presente. Pode ser por isso que para muitas pessoas, as RAs sugeridas podem ser difíceis de seguir a longo prazo, tal como as dietas. Apesar de diferirem na teoria, na prática elas acabam sendo muito parecidas.

Se não é dieta, nem RA, é o que?

 

O modelo prescritivo, ou seja, aquele modelo onde eu recebo do profissional as orientações do que, como e quando fazer, é uma intervenção de fora para dentro. A tomada de decisões é feita por um terceiro. A motivação inicial pode me levar a seguir aquelas ordens por um período de tempo, mas no primeiro imprevisto ou saída do planejado eu sinto que perdi meu progresso, sinto incapacidade de me controlar, sinto culpa e resolvo “chutar o pau da barraca” em minha frustração.

Abordagens não prescritivas na Nutrição tem sido estudadas há alguns anos. As criadoras do Comer Intuitivo, por exemplo, escreveram seu primeiro livro sobre o método em 1995. O autor que cunhou o termo Health At Every Size o fez em 2008. Porém, estudos sobre a psicologia por trás da privação alimentar (como o experimento de Minnesota) tem sido realizados desde a década de 40. O pensar em saúde e alimentação tem evoluído e mudado, principalmente com a observação estatística sobre números crescentes da obesidade e sobrepeso na população mundial. Nos Estados Unidos, ao mesmo tempo em que se aumentou o número de pessoas que afirmam estarem seguindo dietas, aumentou o numero de pessoas obesas. Segundo uma reportagem da NBC, o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças, em português) dos EUA afirmou que, entre os anos de 2007 e 2017, esse números aumentaram em 30,7% e 20,5%, respectivamente.

Mas o que significa abordar a nutrição sem prescrições? As metodologias usadas são, geralmente, promotoras da conexão com o corpo. Através da observação de sinais internos como fome e saciedade e outros fatores associados como emoções, situações do dia a dia, crenças alimentares, sentimentos sobre o corpo, entre outros. Nesse modelo de atendimento, o protagonista é o próprio paciente, num movimento de mudança de dentro para fora. A partir da auto percepção, os pontos para melhoria ficam mais evidentes e assim fica mais tátil o entendimento do porquê e como melhorar a relação com a comida.